Você está mesmo trabalhando ou só sobrevivendo a mais um dia de interrupções?
Às vezes, parece que o trabalho virou um jogo cruel de resistência. Acorda cedo, responde e-mails no café, resolve pendências no almoço, participa de reuniões à noite e se der sorte, sobra um tempinho pra fazer o que realmente importa.
Mas a pergunta que não cala é: isso está funcionando?
Bem-vindo à “jornada infinita”
O novo relatório da Microsoft confirma: não há mais começo, meio e fim no trabalho.
- 117 e-mails por dia.
- 153 mensagens no Teams.
- Reuniões marcadas sem aviso.
- E interrupções a cada 2 minutos.
Quanto tempo efetivo sobra com tantas interrupções?
Numa jornada de 8 horas (480 min), interrompem você, em média, 240 vezes (a cada 2 min). E a ciência mostra que leva cerca de 20 minutos para retomar o flow, o foco profundo.
➡️ 240 interrupções × 20 minutos = 4.800 minutos, ou seja, 80 horas de foco num dia que só tem 24 horas.
Resultado? Você trabalha 8 horas, mas o cérebro tem zero. Faz tudo no automático. Pula de tarefa em tarefa. E no fim do dia, sobra o cansaço e pouca entrega de verdade.
Atenção humana = atenção frágil
Pra piorar, a atenção média das pessoas é de apenas 8 segundos (em comparação a 9 do goldfish) Ou seja, mal dá tempo da explicação começar e a atenção já foi. Isso torna cada interrupção ainda mais devastadora para o foco dar certo.
E a noite virou só mais um turno
- Quase 30% das pessoas ainda estão no e-mail depois das 22h.
- 1 em cada 5 trabalha no fim de semana.
- Mais de 50 mensagens fora do horário comercial.
O trabalho não acaba. Ele só se disfarça de urgência digital.
Interrupção não é detalhe. É sabotagem.
O flow, aquele estado poderoso de produtividade, não acontece em pílulas de atenção. Cada alerta, reunião, notificação, é uma gota de veneno pra criatividade e entrega real.
No TED, Jason Fried, há 12 anos, dizia: “o trabalho não acontece no trabalho.” E hoje ele completa: o trabalho profundo não sobrevive nesse ritmo.
O papel invisível dos líderes
Aqui está a verdade que poucos dizem:
Um dos papéis mais importantes de um líder é proteger o tempo e a atenção do time.
- É dizer não às reuniões inúteis.
- É garantir blocos livres de distração.
- É valorizar efetividade, não atividade frenética.
Sem isso, a equipe sempre estará ocupada, mas vinculada à pressa, não ao resultado.
O que podemos fazer?
Menos trilho, mais trilha. Algumas ações transformadoras:
- Bloqueie horários ininterruptos de foco (pelo menos 2h por dia por pessoa).
- Experimente quartas sem reuniões (Jason Fried aprova).
- Use inteligência artificial pra automatizar o que for repetitivo — e valorize a atividade humana.
- Questione a urgência: “Isso precisa mesmo ser agora?”
- Torne o tema foco parte da conversa — e da cultura.
Por que isso importa?
Porque o que estamos perdendo não é só tempo, é qualidade de vida, clareza, inovação e bens entrega real.
Você trabalha 8h, mas o cérebro tem zero.
Movimento gera movimento. E precisamos garantir que esse movimento vá na direção certa: intenção, presença e impacto.
👉 A pergunta que fica é essa:
Você vai seguir na jornada infinita ou vai virar o jogo em nome do que realmente importa?
Compartilha com seu time. Marca quem precisa ouvir isso. Vamos gerar outro tipo de movimento profundo e transformador.
Fred Alecrim